As vezes a gente só precisa amar demais
“e eu pensando em ter você, pelo tempo que durar - Marissa Monte”
Acho que uma das coisas que eu mais vi e ouvi minha vida toda foi que o amor ficcional não era mais que algo a ser idealizado, um modelo fofo pra dar uma suavizada no banho de água gelada que são os relacionamentos na vida real, e eu nem me refiro apenas a o amor romântico, diversos outros tipos de amores (familiar, amizade, etc…) entram junto nesse balaio.
E de tanto ouvir isso, o'que deve ser feito fica meio claro: Fuja do amor, fuja dele antes que atrase suas metas, sua vida, seus sentimentos e te deixe naquele clássico estado de ficar de pijama em casa afogando as mágoas num docinho e pensando “oque eu fiz de errado para acabar assim???”, mas sei lá, é realmente por aí mesmo? Será que realmente se permitir um pouco de emoção vai ser o suficiente para acabar com toda a nossa compostura atual?
A verdade é que tudo isso parece vir de um mesmo ponto: Medo
Afinal, amar alguém é confiar em um ponto de vista que não lhe é acessível e controlável 100%, diferente de, por exemplo, escolher a cor do seu próximo esmalte ou o que vai comer no café da manhã. Resolver amar é resolver confiar, ser vulnerável, mostrar que talvez por baixo da pessoa cool e confiante diariamente existem inseguranças e desconfianças, e revelar isso é como dar a chave da sua casa a alguém.
E analisando por esse lado, SIM é definitivamente aterrorizante a ideia de dar tanto acesso assim a alguém, mas também é muito solitário viver dentro de uma muralha emocional impenetrável, até porque naturalmente somos criaturas que precisam de relações, precisamos desenvolver vínculos e é algo tão vital para o nosso bem estar quanto diversas atividades que não podemos deixar de fazer, sendo o suficiente pra ser realmente nocivo se não tivermos acesso.
Em um contexto social onde o controle é algo que pensamos precisar a todo momento, a gente acaba esquecendo que isso é uma ilusão, afinal a qualquer momento pode surgir um imprevisto sem aviso prévio, então se, por exemplo, você adora café e vai ao mercado comprar, mas não tem o que você sempre compra porém tem outros diversos tipos a venda, a falta do habitual vai te impedir de algo que você gosta tanto e precisa? Você pode acabar encontrando outros tipos de torras que sejam tão boas ou até melhores que as de sempre.
O ponto acaba sendo que, amar vai machucar, amar vai ser imprevisível, vai ser incontrolável, mas também vai te trazer experiências tão incríveis que fazem esses riscos valerem a pena, e toda a parte que envolve essas incertezas não deveria ser o suficiente para fazer com que um sentimento tão magnífico e extraordinário fosse evitado, nós viemos ao mundo com o propósito de sentir, se privar disso é tentar ir contra sua própria natureza.
Um bom exemplo pode ser a obra “Nana”, que tanto no mangá quanto na adaptação para anime e live action, é visível como a relação entre a hachi e a nana foi, apesar de todas as partes difíceis e conturbadas ao longo da trama, marcante o suficiente para que as primeiras falas começam sendo “Nana, eu ainda penso sobre você todos os dias”
“No matter how much or how often people hurt each other, loving someone is never a waste” - Nana Osaka
No fim, o que fica é apenas isso, as vezes a gente só precisa amar um pouco, tratar esse sentimento como uma planta a florecer junto conosco e não como uma erva daninha que vá podar qualquer avanço e evolução nossa.
Para alguém que passou tanto tempo pensando que seria um atraso, amar novamente acabou sendo uma lufada de ar fresco justamente em um momento cansativo e parar de tentar tão desesperadamente controlar absolutamente tudo que aconteceria e tudo que eu sentiria, tudo ficou muito mais leve, e se permitir amar acabou sendo, sem dúvida, a coisa que mais agradeço a eu do passado por ter feito.
Obrigada por ler até aqui o texto, se gostou, recomendo seguir para ler mais parecidos! =)
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